Sunday, December 23, 2007

East of the Sun, West of the Moon

Eu não me importava de passar o Natal aqui...


Encontramo-nos por lá ;) Feliz Natal para todos

Monday, December 17, 2007

That old black magic



That old black magic has me in its spell
That old black magic that you weave so well

Those icy fingers up and down my spine
The same old witchcraft when your eyes meet mine
The same old tingle that I feel inside when that elevator starts its ride
Down and down I go, round and round I go
Like a leaf thats caught in the tide

I should stay away but what can I do
I hear your name, and Im aflame
Aflame with such a burning desire
That only your kiss can put out the fire

Y
ou are the lover that I've waited for
The mate that fate had me created for
And every time your lips meet mine
Baby down and down I go,
All around I go
In a spin, loving the spin that I'm in
Under that old black magic called love




Get this widget Track details eSnips Social DNA

Wednesday, December 12, 2007

I want love

Não porque goste particularmente do Elton John, mas porque gosto muito desta música, porque adoro o Robert Downey Jr, porque ele e a letra me prendem ao videoclip do primeiro ao último minuto...simplesmente porque sim, aqui fica. Como diria a minha amiga Anita, "apeteceu-me recordar"... ;)


I want love, but it's impossible

A man like me, so irresponsible

A man like me is dead in places

Other men feel liberated


But I want love, just a different kind

I want love, won't break me down

Won't brick me up, won't fence me in

I want a love that don't mean a thing

That's the love I want,

I want love



Saturday, November 24, 2007

Isolation (un)Controled

É como se enchessemos um espaço fechado com gás, que se vai espalhando lentamente e tornando o ar pesado e irrespirável. Asfixia. Até ficar tão concentrado na atmosfera, que não há outra hipótese senão explodir e libertar-se. Em Control, o gás sai pela chaminé com as cinzas de Ian Curtis, mas a sensação de asfixia sai connosco da sala. A promessa perdida, a inocência condenada. Tudo presente, desde o início, no olhar de Sam Riley e no preto e branco assombroso de Anton Corbijn.


Surrendered to self preservation,

From others who care for themselves.

A blindness that touches perfection,

But hurts just like anything else.

Mother I tried please believe me,

I'm doing the best that I can.

I'm ashamed of the things I've been put through,

I'm ashamed of the person I am.

Isolation, isolation, isolation.



But if you could just see the beauty,

These things I could never describe,

These pleasures a wayward distraction,

This is my one lucky prize.


Isolation, isolation, isolation.

Sunday, November 18, 2007

INLAND REALITY

Este blog nasceu no labirinto de INLAND EMPIRE. No filme de David Lynch, as personagens perdiam-se e encontravam-se numa casa de bonecas, epicentro de um universo criativo. Histórias paralelas e, ao mesmo tempo, interligadas, desenrolavam-se em quartos separados apenas por uma cortina. Uma cortina quase incorpórea, porque nesse universo criativo as ideias fluiam sem barreiras. Sem regras. Só com intuições. Um quadro abstracto que ganha forma através dos nossos sentidos, sem nunca deixar de ser impalpável, porque o abstracto é uma forma de realidade. Pelos menos em INLAND EMPIRE e em David Lynch.

Esta casa de bonecas foi criada como um espaço igualmente livre, igualmente orgânico, esperançosamente, igualmente criativo. Os corredores vão dar a lugares inesperados, os quartos interligam-se promiscuamente. Não me interessa se o anão dança, a menina chora ou o mimo grita, apenas me interessa que eles existam, que desvendem novas formas de estar e sentir. Acima de tudo, interessa-me isso : sentir.

Ontem, um destes corredores cruzou-se com uma das salas do "mestre omnipresente" e dei por mim, no meio de um descampado, ao lado do próprio Lynch. Ele mesmo, segurando uma bandeira e a falar sobre o quanto a meditação nos põe em contacto com o nível mais alto da existência. E a dizer que estávamos à espera dos músicos...só à espera dos músicos.
A dada altura, olhei para a direita e vi Julee Cruise. Se tivesse olhado para a esquerda e cruzado o olhar com o agente Dale Cooper ou Laura Palmer, não me espantaria. Faria todo o sentido. Porque o universo de Lynch estava ali e éramos todos personagens de um momento surreal e sem guião. Acho que nenhum de nós vai conseguir explicar o que aconteceu, mas não faz mal, os filmes de Lynch não são feitos para serem explicados, mas sim sentidos. E todos o sentimos.




To be continued...

Monday, October 22, 2007

Moda LX a preto e branco...






Aqui está um pouco do que aconteceu nestas semanas de ausência "blogista". Para começar, uma viagem ao ritmo das imagens, ao compasso do meu olhar, através de um acontecimento que já pouco me surpreende... se é que alguma vez surpreendeu... desta vez, resolvi ir de máquina em punho, esperando que a objectiva captasse mais e melhor do que o olho nú. O veredicto final é vosso ;) Pela minha parte, diverti-me mais assim, tentando captar aquilo que se esconde no limite entre o visível e o invisível...


Obrigada a todos aqueles que comentaram no post anterior e aos quais, por falta de tempo, não respondi. Um obrigada especial ao Tongzhi : as tuas poucas mas muito significativas palavras foram o eco de que precisava naquela altura. Não vou conseguir explicar o bem que soube, uma manhã, abrir o meu e-mail e vê-las lá. Só acrescento : compreendo-te perfeitamente, o texto foi fruto de situação semelhante. Obrigada :)




Boa semana para todos!

Friday, October 5, 2007

Intervalo

As conversas sussurradas, a troca de desgraças do passado ao som daquele tom neutro e pseudo-sabedor de quem já passou por muitas noites assim. Como se isso tornasse as coisas mais fáceis, como se o sofrimento fosse um preço razoável a pagar à “ordem natural das coisas”.
Dá-me vontade de fugir para um lugar qualquer onde gritar seja permitido, onde o histerismo seja normal. Sinto-me desconfortável naquele ambiente solene e sombrio. Sempre gostei do choro e do caos. Parecem-me mais adequados à situação. Não sei como reagir à etiqueta da vigília fúnebre. É anti – natura aquela apatia colectiva, aquele pesar em
grupo.
A minha dor não é igual à dos outros. Tal como a dos outros não é igual à minha.

Sempre achei que a dor devia ser vivida na solidão da caverna. Para mim, é surrealmente estranho partilhá-la com um grupo de virtuais desconhecidos, criaturas que não vemos há décadas mas que se acham no direito de exigir uma forma visível de sofrimento, mais para conforto próprio do que nosso. Enquanto o ritual for cumprido sem desvios à regra, tudo pode continuar arrumado na sua "caixa" e o mundo vive em ordem aparente. Todos dormimos melhor no embalo da nossa ignorância infligida, na negação de que viver cansa, dói e faz crescer.


Detesto pessoas fechadas em casulos, que completam o círculo antes do fim da viagem. E detesto o paternalismo e condescendência com que olham aqueles que se admitem perdidos, vagueando pelo mundo à procura de rumo, acertando e errando, vivendo e sofrendo. Ao seu próprio ritmo, com a sua própria bússola, tentando fazer algum sentido das coordenadas, contornando desvios causados por efeitos magnéticos enganadores . O sítio onde se chega é longínquo e infinitamente pessoal.


Todos os funerais deviam ser como os rituais índios, com cantos sentidos e melancólicos, ruído de fundo para um sofrimento profundamente íntimo e espiritual. E no final, devolver o corpo aos elementos, numa espiral de fumo e cinzas. Porque somos a "quinta-essência do Pó". Porque pertencemos ao Espaço. Do Big Bang nasceram estrelas, planetas, galáxias. E depois deste Small Bang, é altura de as visitar.


P.S. : Este texto estava na gaveta há algum tempo e veio à superfície agora, não sei bem porquê. Talvez porque tenha visto Hamlet e recordado o belíssimo texto de Shakespeare (numa encenação muito bem conseguida de João Mota). Talvez porque há tanto sobre a Morte e sobre a Existência naquelas palavras, sobre a condição de Ser e um dia Não Ser, sobre a Dor de uma perda tão profunda que levanta todas estas questões e despoleta todos os sentimentos que servem de barro ao Homem. Como diria C.S Lewis, um barro que é moldado por Deus. Eu digo moldado pelo Destino, que no meu vocabulário talvez seja um sinónimo. Destino como Vida, não como Fado e Fatalismo. Essa é apenas uma das estradas...Com Shakespeare, percorremos todas. Porque o Homem tem mais dimensões para além daquelas que o seu corpo define. "Há mais coisas no céu e na terra, Horácio,do que sonha a tua filosofia."

Bom feriado e bom fim de semana a todos!




Sunday, September 30, 2007

A Mighty Heart

"In the beginning, all the Lord's people, from all parts of the world, spoke one language. Nothing they proposed was impossible for them. But fearing what the spirit of man could acomplish, the Lord said, "lets us go down and confuse their language so that they may not understand one another's speech".


Daniel Pearl era jornalista do Wall Street Journal. Depois do 11 de Setembro, foi para o Paquistão cobrir a guerra no vizinho Afeganistão. Em vésperas de sair do país, foi raptado por um grupo extremista que reenvindicava melhores condições para os prisioneiros de Guantanamo Bay. A moeda de troca era a vida de Pearl : “Se melhorarem as condições desses prisioneiros, também nós melhoraremos as condições de cativeiro de Daniel Pearl". Algumas semanas depois de ter sido capturado, Pearl foi decapitado. Como seria de esperar (e até lógico) o governo norte-americano recusou-se a negociar – na balança estava a vida de um indivíduo e toda a filosofia de um país. É fácil perceber qual era o lado mais fraco. Nos meandros das grandes questões, as vítimas são sempre de carne e osso. E esta é uma história sobre o que cai nas fendas dessas questões, é uma história de humanidade vista pelos olhos de Marianne, a mulher de Daniel Pearl – também ela jornalista, também ela ali para contar uma história. E foi o que fez, se bem que a história que acabou por contar não tenha sido aquela que esperava.

Marianne Pearl é uma budista francesa, casada com um judeu americano. Talvez por nunca ter falado apenas uma língua, acredita no diálogo. Acredita que a comunicação é o caminho a seguir, que conhecimento é poder. Se pararmos de ouvir o outro, perdemos a esperança. Quando o seu marido foi capturado e morto, estava grávida de cinco meses e não se podia dar ao luxo de perder essa esperança. Nem deixar que a raiva a dominasse. Marianne Pearl recusou ver a sua Humanidade “amputada”. Ela sabia que o sofrimento é uma palavra da linguagem comum, que entre os bons e os maus há toda uma paisagem indefinida Sabia que a dor dela era igual a tantas outras dores Paquistanesas, que situações como a que vivia eram fruto da ignorância e da miséria – ignorância na recusa de tentar perceber o que nos é desconhecido, sabendo que esse entendimento não nos torna cúmplices nem iguais, apenas mais ricos e apetrechados para lutar. Miséria, porque é essa a principal arma do terrorismo, que a usa como forma de obter aliados. Quando a população de países como o Paquistão tiver as suas necessidades básicas resolvidas, talvez seja mais difícil recrutar membros para as jihads. Manter o corpo prisioneiro para impedir o sustento do espírito é uma arma mais poderosa do que todas as bombas.

Marianne tinha a coragem de reconhecer o que tem em comum com quem mudou a sua vida de forma tão violenta, a coragem de não simplificar uma questão que desafia a explicação mais complexa. Sabia que a morte do seu marido não era culpa nem dos americanos nem dos muçulmanos, era consequência da surdez mundial. E os gritos de desespero que lhe saem das entranhas quando descobre que Daniel foi decapitado, quebram qualquer surdez crónica. São gritos que nos trespassam a pele e fazem eco. Um eco compulsivo e incontrolável. Porque se nos calarmos e simplesmente ouvirmos, nesse silêncio interior em que damos espaço ao outro para ecoar em nós, iremos perceber que falamos todos a mesma língua.


(C) Sebastião Salgado

"If you want to be understood, just listen"

http://www.imdb.com/title/tt0829459/

Monday, September 10, 2007

Despojos dos dias (2)


Porque gosto de portas entreabertas...

de beleza forjada em ferrugem...



de luz que rompe a escuridão...




Sentia-se no ar o som surdo do trovão.
Era um daqueles dias cinzentos e quentes, como um vulcão adormecido antes de explodir. Tudo parecia conter uma força esmagada na garganta, impedida de gritar... quem se cansaria primeiro, a mão ou as mil vozes cravadas na pedra?Já se ouviam os sussuros pelas esquinas, transportados pelo vento através de fendas secretas em grutas fechadas. Sentia-se na pele o fio invisível da eternidade. O fio que une o Minotauro a este instante e este instante ao universo. Caminhos que se cruzam e entrecruzam, como os corredores da casa de bonecas....

Tuesday, September 4, 2007

Smile...


Smile though your heart is aching

Smile even though it's breaking

When there are clouds in the sky, you'll get by

If you smile through your fear and sorrow

Smile and maybe tomorrow

You'll see the sun come shining through for you


Light up your face with gladness

Hide every trace of sadness

Although a tear may be ever so near

That's the time you must keep on trying

Smile, whats the use of crying?

You'll find that life is still worth while

If you just smile


That's the time you must keep on trying

Smile, whats the use of crying?

You'll find that life is still worthwhile

If you just smile




Friday, August 31, 2007

I got life

"Damos festas, abandonamos as nossas famílias para vivermos sós no Canadá, batalhamos para escrever livros que não mudam o mundo apesar das nossas dádivas e dos nossos imenso esforços, das nossas absurdas esperanças. Vivemos as nossas vidas, fazemos seja o que for que fazemos e depois dormimos : é tão simples e tão normal como isso. Alguns atiram-se de janelas, ou afogam-se, ou tomam comprimidos; um número maior morre por acidente, e a maioria, a imensa maioria é lentamente devorada por alguma doença ou, com muita sorte, pelo próprio Tempo. Há apenas uma consolação : uma hora aqui ou ali em que as nossas vidas parecem, contra todas as expectativas, abrir-se derepente e dar-nos tudo quanto jamais imaginámos, embora todos, excepto as crianças (e talvez até elas) saibamos que a estas horas se seguirão inevitavelmente outras, muito mais negras e mais difíceis. Mesmo assim, adoramos a cidade, a manhã, mesmo assim desejamos, acima de tudo, mais. Só Deus sabe porque amamos tanto isso"


Michael Cunningham, "As horas"

"Na verdade nada do que é importante e acontece e me faz vivo, tem a ver com o tempo. O encontro com um ser amado,uma carícia na pele, a ajuda no momento crítico, a voz solta de uma criança, o frio gume da beleza - nada disso tem horas e minutos. Tudo se passa como se não houvesse tempo. Que importa se a beleza é minha durante um segundo ou por cem anos?

Stig Dagerman, "A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer"

" Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."


Fernando Pessoa




Wednesday, August 22, 2007

Scream

Nunca gostei muito do Michael Jackson (tirando clássicos como Thriller) mas esta música diz tudo...


Tired of injustice

Tired of the schemes

The lies are disgusting

So what does it mean

Kicking me down

I got to get up

You’re sellin’ out souls but

I care about mine

I’ve got to get stronger

And I won’t give up the fight

With such confusions don’t it make you wanna scream

You keep changin’ the rules

While I keep playin’ the game

I can’t take it much longer

I think I might go insane

Stop pressurin’ me

make me wanna scream

Stop

Sunday, August 19, 2007

Catwoman- Volume 3

What's puzzling you is the nature of my game...

I rode a tank

Held a general's rank

When the blitzkrieg raged

And the bodies stank





You've got enough there to finish me off?

Don't forget to be the way you are

Don't go and sell your soul for self-esteem

Don't be plasticine




Wednesday, August 15, 2007

Instante

Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio



Sophia de Mello Breyner Andresen


Para o Pinguim e para a Cris, porque as pequenas coisas são também elas fundadas no silêncio...limpas, lisas, brancas e frescas....e aparecem em instantes, pequenos momentos aos quais temos que estar atentos para que não passem por nós como a brisa, sem os sentirmos, a não ser quando já passaram e apenas ficou na pele a última aragem...seja ela quente ou fria...é importante senti-la para poder sentir a verdade do momento...verdade dura ou verdade doce, mas verdade...porque essa brisa já não volta...


Para todos aqueles que têm a capacidade de ver através das pequenas coisas, não se deixando iludir pelas maiores....


Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


Sophia de Mello Breyner Andresen


Para a Anita : para mim, este poema da Sophia sempre esteve associado à integridade, a rectidão, ao defender uma série de valores que nos são tão intrínsecos, que os defendemos contra tudo e contra todos. Depois pode ser secundariamente associado a essas qualidades específicamente no amor ou na amizade. Sempre achei, desde que o li a 1ª vez, que era uma descrição perfeita de alguém que poderia amar. E quanto mais o leio, mais me convenço disso. Mas cheguei também à conclusão de que se pode adequar igualmente à amizade, porque integridade e rectidão são qualidades que valorizo em toda a gente, amigos e amantes. E nesse sentido, minha amiga, este poema é para ti, por todos os anos de amizade... :) e porque a rectidão e integridade de que ele fala, me fez lembrar aquela história do teu avô e da sua honestidade, que dizes sempre que passou para ti...portanto, aqui está :)

Bom resto de semana a todos!

Sunday, August 12, 2007

Uma análise imaginária de Diane Arbus

“ A maior parte das pessoas passa a vida a evitar o trauma. Os freaks já nascem com o seu trauma, já ultrapassaram essa fase. São aristocratas” Diane Arbus


“Fur”, o segundo filme de Steven Shainberg, assume-se como um retrato imaginário de Diane Arbus.
Muitas das críticas na altura da estreia do filme diziam que pouco se aprendia aqui sobre a vida e obra de uma das fotógrafas mais influentes da segunda metade do século XX. E sim, realmente faltam as referências temporais, a sequência de factos. Saltam-se muitas partes importantes da vida de Arbus, como as aulas que teve com Lisette Model, e que a influenciaram profundamente. Mas no que diz respeito às emoções, ao que move o trabalho, está tudo lá. Porque, pegando nas palavras de Arbus, ”Estas são personagens num conto de fadas para adultos”.


“Fur” é menos biografia e mais ilustração visual para o mundo e para o trabalho de Diane Arbus, um conto de fadas grotesco e terno. E o conjunto do trabalho de Arbus parece isso mesmo, um conto de fadas bizarro no qual se procura a verdade crua, aquela que foge por entre os dedos na vida real porque o que está à superfície é mais fácil de agarrar, tem menos contornos.
A câmara de Arbus procurou desvendar um segredo através da realidade que só uma fotografia pode dar, mostrando aquilo que nem sempre é visível a olho nu, mas que a objectiva capta. Uma realidade alternativa mas nem por isso menos verdadeira porque revela o que é profundo, o que se esconde nas margens. Porque a fotografia foca apenas o que é importante, deixando difuso o que nos distrai. No caso de Diane Arbus, foca o rosto do sujeito, freaks, aberrações, doentes de instituições mentais, num frente a frente entre retratado e fotógrafo.
Em quase todas as fotografias de Arbus, os retratados olham directamente a objectiva. Para que quem vê as fotografias também olhe directamente nos olhos dos retratados. E se reconheça. Porque um freak é alguém que não se adapta e para isso não é preciso ter o corpo coberto de pêlo como a personagem de Robert Downey Jr. Basta termo-nos sentido deslocados uma vez na vida para entender. Porque estamos todos interligados. Tal como no filme, em que o alçapão liga a casa de Diane ao sótão de Lionel, uma porta aberta entre o mundo dito normal e um outro, que não encontra definição que lhe assente. Uma porta que Diane tentou sempre abrir com o seu trabalho, porque no fundo sabia que não existe uma divisão e que na maior parte do tempo os verdadeiros freaks estão algures entre um mundo e outro, sem pertencer realmente a nenhum.

Nascida e criada numa família rica de origem judaica, em Nova Iorque, Diane teve acesso privilegiado a tudo. Mas isso não a impedia de ainda muito nova ir para o parapeito do apartamento dos pais e olhar para a cidade cá em baixo, só para perceber se alguma vez conseguiria saltar. Para perceber qual era a sua relação com o abismo.

Quando mais tarde casou com Allan Arbus e se tornou sua assistente de fotografia nas campanhas de moda e publicidade, Diane continuava a olhar para o que a rodeava como se ainda estivesse no parapeito da janela. Um ponto de vista que lhe permitia encontrar algo de estranho e grotesco naquele mundo artificialmente belo, em que tudo era encenado. Devia existir algo de mais verdadeiro e visceral. E aos poucos, começou a explorar a sua própria visão, procurando novamente o tal abismo que tornava tudo mais real, à flor da pele. Deixou as revistas de moda e procurou pelos bares da cidade, pelas ruas, vielas e parques, procurando uma junção entre normal e estranho. O tal espaço intermédio entre dois mundos. E muitas das fotografias de Arbus resultam dessa união de opostos, do elemento perturbador no normal e do quanto o normal pode ser perturbador.

Não é de espantar que o trabalho de Diane Arbus tenha atraído Steven Shainberg. O seu primeiro filme, “A Secretária”, falava também sobre dois inadaptados que encontram contexto um no outro. Aqui não existiam anãs que bebem chá com os pés, gigantes de 2 metros, gémeas siamesas ou sótãos cheios de sensações por descobrir. Mas existia um escritório, também local de descobertas e de abismos, também ele contrastando em conforto e calor com o mundo cá fora, mais asséptico e frio. E nesse espaço muito parecia estranho e bizarro, mas nunca tanto como parecia cá fora. Porque pelo menos sentia-se como verdadeiro. Nem sempre fácil ou bonito, mas honesto. Como o trabalho de Arbus.
E também existiam freaks, mas estes sem nenhuma deformidade física, apenas emocional, que é a verdadeira deformidade e nos pode afectar a todos. Tal como Lionel em “Fur”, que rapa todos os pêlos que lhe cobrem o corpo, para mostrar que por baixo de toda a deformidade continua igual a qualquer outro.
Como a colónia de nudistas que Arbus fotografou, em que famílias inteiras faziam o mesmo que outras tantas famílias faziam por todo o mundo no mesmo instante. A diferença é que estas famílias não tinham roupa. Será essa diferença assim tão grande, será que a aparência tem mais significado do que o gesto em si? Será tudo apenas uma questão de pele?
Diane Arbus usava uma câmara com écran ao nível da cintura para que pudesse interagir com os retratados de uma forma mais directa, sem a invasão de uma objectiva ao nível do olhar. Criava uma espécie de “sótão” ou “escritório” emocional onde o sujeito se sentisse confortável para enfrentar o seu próprio abismo. Observando o écran à medida que falava com eles, procurando o momento em que o sujeito se revelava, para conseguir captar um instante da sua verdadeira humanidade, só possível nesse espaço de segurança.Em 1969, Arbus começa o seu último projecto, fotografando doentes com deficiências mentais em sanatórios. Depois de concluído o projecto, em 1971, Diane Arbus suicidou-se, cortando os pulsos e tomando uma dose elevada de barbitúricos, depois de um longo período em que se encontrou em depressão. É claro que qualquer teoria sobre a sua morte será apenas mera especulação, tal como é apenas especulação e fantasia o mundo que Shainberg criou para ilustrar o trabalho de Arbus. Mas como qualquer artista, Diane tentou sempre tocar o outro, provocar emoções. E tal como o seu trabalho provoca determinadas reacções em Shainberg, eu gosto de acreditar que o confronto olhos nos olhos com aqueles doentes mentais foi demasiado para ela, o reflexo do espelho foi demasiado claro e gritante. O que no fundo, foi o objectivo da sua vida, mostrar um espelho ao mundo cujo reflexo fosse cortante, mas que nunca revelasse tudo, porque “quanto mais nos é mostrado, menos sabemos.” Porque a fotografia é um segredo sobre um segredo.” “Tell me a secret....”.



P.S. : Se não viram "Fur" quando esteve nos cinemas, deve estar quase a sair em dvd. A nível de timming e actualidade este post não tem muito de nenhum deles lol mas de alguma forma pareceu-me correcto pô-lo assim, sem aparente ligação com nada, no meio da minha trilogia Catwoman. Porque Arbus detestava "caixas" e eu também. Passou a vida a tentar quebrar barreiras e pareceu-me adequado falar sobre ela assim, só porque sim, sem qualquer razão aparente que o justificasse....because life flows like water and cannot be trapped.... Porque tal como Arbus, o meu único vício são pessoas.... and like life, people also cannot be trapped, only discoverd...


Wednesday, August 8, 2007

Catwoman - volume 2

I was stopped by a man.

He said

"I know you’re looking for something that’s hard to find and I think I have what you have in mind...

"I want some slashes to go with those long eyelashes..."

Every woman has an itch and every nice girl secretly wants to switch...

Help me find the woman behind the cat...

It’s just a thrill" I said as he relaxed on the dark, dark bed...



I've got seven lives left...


Tuesday, August 7, 2007

Catwoman - volume 1

The woman behind the cat...


there's just so much you can take before shutting down....


The cat...

the fighter...


More to come on the Catwoman Trilogy....

Monday, August 6, 2007

Bitch...you don't have a future

This is me today...



The world is a nice punching bag....


P.S. : Esta é provavelmente das melhores deixas de filmes de sempre lol "Bitch, you don't have a future". Pensem só nas inúmeras situações do quotidiano em que podemos usar a frase.E em que nos apetece usá-la :P

Saturday, August 4, 2007

Alive and Screaming - Death Proof

Esqueçam a queima de soutiens, as quotas de presença igualitária no parlamento, os Anjos de Charlie ou até mesmo a Lara Croft - girl power a sério é com o Quentin Tarantino. Só ele tem "tomates" para fazer das suas "leading ladies" feias, porcas e más, mas sempre femininas e kicking ass. E enxertos de porrada monumentais, cheios de estilo e pontuados por diálogos de ir às lágrimas de tanto rir, é coisa que não falta em Death Proof. O segundo quarteto de meninas é especialmente bom, com especial destaque para a black queen Tracie Thoms (que tem as melhores deixas do filme)e para a dupla de Uma Thurman em Kill Bill, Zoey Bell, aqui a fazer de si mesma. No meio do estrogéneo, um Kurt Russell ressuscitado dos mortos com o sentido de humor e do ridículo que só Tarantino tem - com ele os dois andam de mãos dadas.

A montagem é vertiginosa (atenção ao primeiro embate dos dois carros...) os efeitos trashy na película uma delícia, a banda sonora é das melhores de Tarantino, senão a melhor, e acima de tudo nota-se em cada frame o gozo monumental que este filme deu a quem o fez - Mr Tarantino had a lot of fun. E eu também, sentada no escuro da sala de cinema, a vibrar em sintonia com cada pontapé e com uma audiência de aficcionados do maior geek que o cinema americano já viu. Um geek nascido precisamente nas salas de cinema, foi essa a sua escola. Talvez por isso saiba tão bem fazer filmes que fazem a sala encher-se de vida. Quem não gosta de Tarantino, não é com Death Proof que vai mudar de ideias, mas para quem gosta, vai ficar a gostar ainda mais - nem Kill Bill volume 1 é tão electrizante, é apenas mais cool.É claro que há aqui muito mais para ver e analisar, muitas homenagens a filmes e estilos que Tarantino adora, tudo tem um significado, mas acima de tudo Death Proof é uma injecção de adrenalina directamente no coração. Tal como acontece a Uma Thurman em Pulp Fiction. E alguém esquece essa cena do filme...?Pois...


Bom fim de semana!

Wednesday, August 1, 2007

Searching my soul

Outro dia, no blog do Pinguim, lembrei-me de Ally Mcbeal a propósito de um dos posts. Hoje, em conversa com a Anita, Ally voltou a ser referida. Levou-me a pensar no porquê de gostar tanto da série e da personagem... o melhor exemplo de que me consegui lembrar foi de um episódio em que Larry ( o sempre fabuloso Robert Downey Jr.) se vai embora e deixa a Ally um boneco de neve feito à sua imagem e semelhança, com um bilhete a dizer "I'll be back". No episódio seguinte, quando Ally abre a porta do frigorifico , o boneco está lá - tinha esvaziado todo o conteúdo para o guardar. Alguns episódios mais à frente, é ela a advogada que defende o direito de voar de um homem - não voar em primeira classe para as Fiji, mas voar como os pássaros, com asas de papel... e acho que é por isso que gosto de Ally Mcbeal : porque se agarra aos sonhos como uma bóia de salvação, porque luta contra a ideia de que não há magia no mundo, porque pensa que pode impedir a neve de derreter e acredita que um homem possa voar como Ícaro...porque mais vale ver o sol de perto uma vez e cair na terra do que nunca o ver....


I've been down this road walkin' the line
That's painted by pride
And I have made mistakes in my life
That I just can't hide
Oh I believe I am ready for what love has to bring
Got myself together, now I'm ready to sing
I've been searchin' my soul tonight
I know there's so much more to life
Now I know I can shine a light
To find my way back home

One by one, the chains around me unwind
Every day now I feel that I can leave those years behind
Oh I've been thinking of you for a long time
There's a side of my life where I've been blind and so...

I've been searchin' my soul tonight
I know there's so much more to life
Now I know I can shine a light
Everything gonna be alright
I've been searchin' my soul tonight
Don't wanna be alone in life
Now I know I can shine a light
To find my way back home

Baby I been holding back now my whole life
I've decided to move on now
Gonna leave all my worries behind
Oh I belive I am ready for what love has to give
Got myself together now I'm ready to live
I've been searchin' my soul tonight
I know there's so much more to life
Now I know I can shine a light
Everything gonna be alright

I've been searchin' my soul tonight
Don't wanna be alone in my life
Now I know I can shine a light
To find my way back home



Agora só falta que apareça por cá uma edição decente em DVD para comprar e não uma edição em "fascículos" como a que existe... Série 1, dvd 1, Série 1, dvd 20... não há pachorra lol

Beijinhos, bom resto de semana para todos :)

Tuesday, July 24, 2007

Mil Folhas

Finalmente, em resposta ao desafio da Anita, aqui estão os meus cinco livros favoritos (se é que isso é possível escolher...). É claro que vou fazer batota e pôr mais dois :P mas não consigo mesmo deixar um destes títulos de fora.


- Aparição, Vergílio Ferreira (talvez o meu escritor favorito, faz parte do meu sangue)

- As Horas, Michael Cunnigham (é difícil alguém voltar a descrever tudo aquilo que amo no mundo desta forma...)

- O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde (porque inteligência, ironia e alguma crueldade são irresistivéis para mim...)

- O Monte dos Vendavais, Emily Brönte (tudo aqui é sangue, cada emoção é sentida como se fosse a única e a última alguma vez a ser sentida no mundo...)

- Lolita, Vladimir Nabokov (um livro marcado a ferro e fogo na pele...simplesmente adoro porque o mundo não é a preto e branco...)

- 1984, George Orwell ( avassalador pela análise profunda e perspicaz deste "Admirável" Mundo Novo que ainda estamos a descobrir hoje e que Orwell viu com tanta clareza... brilhante)

- O grande Gatsby, F.Scott Fitzgerald ( simplesmente porque o fascínio não se explica e eu sou fascinada por tudo neste livro...)


Parte desta escolha está relacionada com a altura em que foram lidos. Praticamente metade da lista foi lida no Verão em que a minha avó morreu, em que passei muito tempo em casa porque ela precisava de companhia constante. Estes livros foram as minhas testemunhas, a minha companhia, o meu refúgio. E há alturas em que as palavras dos outros são a nossa melhor expressão, o nosso maior conforto...Tal como há alturas, como agora, em que temos a mente tão cheia e tão em alvoroço que parece não haver espaço para deixar entrar outros universos. Talvez por isso não leia um livro já há algum tempo... mas na mesinha de cabeceira está o "Norwegian Wood" do Haruki Murakami, que parece chamar por mim. Se calhar está na altura em que viajar por outros mundos é um imperativo para a sanidade mental...


Aliás, pegando no conceito "livros na mesa de cabeceira" do Senhor do Mundo :P na minha mesa de cabeceira, para além de Murakami, estão sempre "Poemas escolhidos de António Gedeão" (neste momento muito bem entregue noutras paragens, porque as coisas boas são para se partilhar ;) ) "Aforismos" de Oscar Wilde, poemas da Sophia de Mello Breyner e o último bom livro que li...porque quando são muito bons e ficam entranhados, preciso da presença física deles durante algum tempo...simplesmente não consigo arrumá-los na estante de imediato.

Agora Anita, um desafio pessoal : que tal um post com as nossas citações favoritas dos livros favoritos? ;) Sabes bem que somos cromas o suficiente para as termos todas escritas num caderno algures... lol Pensa nisso e diz qualquer coisa ;)


Beijinhos a todos, boa semana :)

Sunday, July 22, 2007

Lady in the Water

Este filme é definido como uma história de embalar. Uma história de embalar que M. Night Shyamalan contava todas as noites aos filhos e que lentamente se foi transformando num argumento. É a estória de Story, uma narf ou ninfa da água, habitante de um mundo antigo que no início dos tempos interagia com o mundo do Homem. Até o Homem se esquecer de como comunicar e ouvir os habitantes do Mundo Azul, perdendo assim parte da sua clarividência e inocência. A passagem da infância à idade adulta.

Cleveland é o porteiro de um complexo de apartamentos, uma figura aparentemente neutra e apática que funciona como elo de ligação entre os vários condóminos, uma rede de seres singulares e estranhos. É ele que encontra a narf na piscina dos apartamentos, é ele a ponte que liga Story ao mundo. O mundo que é obrigado a enfrentar novamente por “amor” a Story. Tal como se afastou dele por amor.
Não foi por acaso que Cleveland encontrou a narf. Esta viagem é a sua função, a sua essência. E é de função, propósito e essência, que fala Lady in the Water. De que falam todos os filmes de M. Night Shyamalan.


Em “Sinais”, outro dos seus filmes, há uma cena entre os dois protagonistas em que o mundo é dividido em dois tipos de pessoas – aqueles que acreditam em sinais, que acreditam que há uma ordem para as coisas, e aqueles que acham que a vida é uma sucessão de momentos arbitrários. Shyamalan insere-se na primeira categoria. Essa convicção percorre todos os seus filmes em pequenas pistas que nos indicam o final. Pistas que nem sempre são visíveis de imediato e muitas vezes só nos ocorrem depois do filme acabar, mas que estão lá – são frases, cores, momentos, que transmitem intuições. Porque M. Night acredita em sinais.

Em Lady in the Water, todas as peças se vão encaixando, pequenos sinais se vão revelando importantes e todos os “handicaps” se transformam em características essenciais para o desenvolvimento da estória – devolver a narf ao Mundo Azul, combatendo as forças que o querem impedir. As mesmas forças que nos impedem de ver além das fraquezas. Tudo aquilo que as personagens sempre encararam como inadequações ou bizarrias encontram em Story um propósito. Story representa a tal inocência e clarividência que nos filmes de Shyamalan parecem andar sempre de mãos dadas. Talvez por isso as crianças e o seu universo sejam sempre protagonistas nas histórias de M. Night, porque conseguem ver para além dos preconceitos e pré-definidos do mundo adulto e ter uma ligação intuitiva aos sinais que as rodeiam. Lady in the Water exige isso de nós, um regresso à infância, a mundos de monstros e fadas, de Guardiões e Simbolistas. Uma viagem ao passado para poder encarar o futuro. To move on. Há um pouco de Cleveland em todos nós, escondido e paralisado naquela figura neutra e apática. E provavelmente todos nós temos uma Story, que nos revela o nosso propósito e função no mundo. Ou uma série de Storys, porque esse propósito tem muitas curvas e contra-curvas, é mutável ao longo da vida.

Também eu acredito em sinais e talvez seja essa a minha fonte de ligação aos filmes de Shymalan. Acredito em sinais. Se tenho alguma religião ou fé, presumo que seja essa, que o mundo não é arbitrário, que as coisas acontecem e encaixam-se de uma forma que faz sentido, mesmo que seja um sentido desfocado que se vai tornando mais claro ao longo dos tempos. Se houve alguma coisa que me acompanhou ao longo dos anos e das mudanças, foi esta convicção. Está entranhada em mim e talvez assim o seja para me ajudar a sobreviver. Citando Lady in the Water, é a minha força de vida, aquilo que teima em palpitar mesmo quando tudo à volta parece morto...

Neste momento sou Cleveland, porteiro desta casa. Story está algures por aqui, nadando no Mundo Azul, à espera que eu a encontre, à espera que eu a ajude a transmitir esperança e beleza ao mundo. Eu procuro Story, a minha clarividência. O som do seu chapinhar na água chega até mim, distante, no eco dos corredores. Um dia chegarei até ela....espero eu.



“Long and hard is the path that leads from darkness into light” - Paradise Lost , John Milton



P.S. : Anita, obrigada pela recomendação ;) Embora continue, à primeira visão, a ter alguns...conflitos...com a forma como o Shyamalan tem decidido mostrar algumas das criaturas mais fantasiosas nos últimos filmes, a filosfia inerente à história é a minha cara lol tinhas razão :) Beijocas

Wednesday, July 18, 2007

Save me

You look like a perfect fit
For a girl in need of a tourniquet
But can you save me

Come on and save me
If you could save me

From the ranks of the freaks

Who suspect they could never love anyone

'Cause I can tell
You know what it's like
The long farewell of the hunger strike
But can you save me
Come on and save me
If you could save me
From the ranks of the freaks
Who suspect they could never love anyone

You struck me dumb like radium
Like Peter Pan or Superman
You will come to save me
C'mon and save me
If you could save me
From the ranks of the freaks
Who suspect they could never love anyone
Except the freaks
Who suspect they could never love anyone
But the freaks
Who suspect they could never love anyone
C'mon and save me
Why don't you save me
If you could save me
From the ranks of the freaks
Who suspect they could never love anyone
Except the freaks
Who suspect they could never love anyone
Except the freaks who could never love anyone


"Save me". lyrics by Aimee Mann

To be



I am a Jew.


Has not a Jew eyes?


Has not a Jew hands,organs,dimensions,senses,affections,passions,
fed with the same food, hurt with the same weapons,subject to the same diseases, healed by the same means,warmed and cooled by the same winter and summer?

If you prick us, do we not bleed? If you tickle us, do we not laugh?If you poison us, do we not die?



If we are like you in the rest, we will resemble you in that.



Excerto do "Mercador de Veneza" de William Shakespeare

Saturday, July 14, 2007

A insustentável leveza do ser

"... What is the natural state?... Imagine wandering up and down the forest, without industry, without speech and without home..."

Às vezes parece mesmo ser esse o estado natural das coisas, a sua essência. A insustentável leveza do ser traduzida na luz difusa do sol, em simplesmente estar e ocupar o espaço que nos foi dado. O nosso e de mais ninguém. Pequeno mas nosso, inegavelmente nosso. Despido de tudo , sem máscaras, sem rendas e sem tules. Um espaço naturalmente cheio de dúvidas como naturalmente o mundo foi criado - um espaço em que a liberdade e a interrogação, a descoberta e a procura se encontram em perfeita comunhão.


Este petit trianon de Marie Antoinette parece realmente o paraíso... alguém tem um que me possa emprestar?


Bom fim de semana a todos!

Tuesday, July 3, 2007

Respirar...

Sabem aqueles momentos em que parece estar tudo "bem" (seja lá o que isso for...) e derepente há qualquer coisa que nos faz olhar em volta e sentirmo-nos profundamente infelizes e angustiados? Sem saber bem porquê? Talvez sejam as pessoas à nossa volta, a sensação de que aquela não é verdadeiramente" a nossa praia", a súbita realização de que falta qualquer coisa, a pergunta "What am i doing??". Pois...ultimamente tenho tido muitos momentos desses...o que não quer dizer que esteja num momento infeliz...pelo contrário, não me sinto assim, são apenas instantes de angústia em que o ar bloqueia no peito. Se calhar a "infelicidade" é "apenas" essa sensação de aperto no peito multiplicada por várias horas, dias e semanas... Talvez tenha que seguir os conselhos da professora da aula de Tai Chi que tive hoje, e respirar. Sentir o ar percorrer o corpo e sair. Geralmente a angústia vai com ele... No dia a dia, esquecemo-nos muitas vezes de parar e simplesmente respirar...


Para ajudar o ar a circular, uma música que abre as janelas da alma. A mim faz-me sempre respirar... Blossom in the tree you know how i feel.... Ainda por cima associada a uma grande série, sobre a existência de vida e emoções a Sete Palmos de Terra
( foi "abandonada" por mim a meio, mas está aqui guardada num dos quartos para voltar a ela mais tarde...)


Boa semana e respirem! :)

Wednesday, June 27, 2007

I want candy

Ponham os vossos All Star azul bebé, dancem ao som dos Bow Wow Wow e deliciem-se na decadência visual de Marie Antoinette. Está ai, acabadinha de sair, uma edição especial em DVD que é um regalo para os olhos. Vale a pena comprar para ver ou rever este exercício de sensibilidade estética e emocional de Sofia Coppola. Digam lá que de vez em quando não apetece mergulhar de corpo e alma neste mundo de algodão doce? Marie Antoinette is in the room...



Doces para dar alento para o resto da semana e para começar a preparar o fim de semana. Que os próximo dias sejam assim...

Naughty and Sweet ;)

Saturday, June 16, 2007

Slow Motion Feelings

Porque a junção de imagem e música é perfeita e melancólica, porque o filme do Wong-Kar Wai é lindíssimo, porque este conceito de gestos e rotinas que ocorrem em paralelo e um dia se cruzam, num instante no Tempo, é uma das definições mais bonitas que já encontrei para o Amor... uma prenda para um início de fim de semana que parece estar de acordo com o som dos violinos....


"In the Mood for Love"

Bom fim de semana a todos, have fun, enjoy the music and the love ;)

Friday, June 8, 2007

Blogs com tomates

Em seguimento da simpática nomeação do meu amigo Pinguim para este honroso prémio ;) cabe-me agora dar continuação a esta rede. É natural que vá repetir blogs já nomeados anteriormente, não sei se é quebrar as regras ou não, mas posso garantir que são nomeações honestas e sentidas. Ora pois aqui vai :

Why not know - não é "troca de galhardetes", é mesmo genuíno. Por ser um porto de serenidade e sabedoria, de palavras reconfortantes e perspicazes, de histórias de vida. É preciso ter tomates para se ser generoso como transparece no blog - insegurança é muitas vezes falta dos ditos cujos ;)

Ditluitoi - pelo sentido de humor, pelo carinho, pela forma optimista de ver a vida, mesmo quando os posts não são assim tão "risonhos". Pelo prazer de viver que se demonstra nos pequenos pormenores que partilha com quem por lá passa, seja uma música, uma foto ou os já famosos office-isms :P

Café&Cigarras - por ser o reflexo de uma verdadeira mulher com tomates ;) São mulheres destas que nos fazem ter orgulho em usar saltos altos ;) Uma mulher que parece viver a vida com prazer, que transmite beleza e energia positiva nos posts que partilha - as imagens são sempre lindissimas e os textos o espelho de alguém que sabe quem é e o que valoriza.

The White Scratcher - por ser o reflexo de alguém que vive a vida com tomates ( e não estou a falar dos bifes lol ) e sentido de humor, seguindo os valores que acha correctos, não ligando muito (ou nada ;) ) a quem não gosta. Os posts falam muitas vezes de beleza, de amor, de inocência, daquilo que é primordial e importante na vida. É um espaço para troca de ideias e de sensibilidades, de descobertas, porque nunca se sabe tudo - é preciso ter tomates para dar esse espaço a nós mesmos e aos outros, para admitir que se está sempre a aprender.

Tongzhi - um blog e um blogista que descobri mais recentemente, mas que entrou directamente para o meu coração :) sentido de humor caústico, ironia apurada, um coração enorme e um grande sentido de justiça e lealdade, por aquilo que conheço até agora. É preciso tomates para se ter tanta espinha dorsal numa altura em que ser "maleável" compensa mais.

Movieplayground - é difícil falar de alguém que se conheçe tão bem... mas é preciso ter tomates para viver a vida com tanta sensibilidade, com tanta honestidade como coloca nos posts - são janelas para a alma da Cris e mostrar a alma ao mundo, mesmo que por detrás de um ecran e num espaço virtual, não é fácil nem é para todos.

E aqui estão as minhas nomeações. Aceitam-se críticas e reclamações ;)

Boa semana a todos!