Friday, May 25, 2007

A kiss can be deadly if you mean it...

Confesso que a ideia não foi minha, é baseada num post que está no blog da Premiere. Confesso :P mas gostei da permissa e resolvi lançar o desafio a quem habita e visita esta casa de bonecas. É a vossa opinião que me interessa ;)
Portanto, digam-me lá quais são, para vocês, os beijos mais memoráveis da história do cinema? Aqueles que no escuro da sala vos tocaram a alma, vos fizeram acreditar no amor, chorar e sorrir? E mais do que beijos, momentos de amor eternizados em celulóide. Quais são os vossos favoritos?
Sei que é difícil, eu tenho muita dificuldade em fazer uma lista, mas para começar aqui ficam alguns dos meus :

- Audrey Hepburn e George Peppard na cena final de Breakfast at Tiffany's

- Kirstin Scott- Thomas e Ralph Fiennes no Paciente Inglês ( o primeiro beijo)

- Heat Ledger e Jake Gylenhall em Brokeback Mountain (aquele beijo contra a parede, no vão das escadas...)

- A cena final de Lost in Translation (todo o filme é um enorme beijo sem contacto físico...)

- A junção das cinzas nas Pontes de Madison County

- A declaração de amor de Jack Nicholson a Helen Hunt em Melhor é Impossível

- O toque de dedos entre James Spader e Maggie Gylenhall na Secretária

- Batman e Catwoman em Batman Regressa ;)

- .....


Para inspiração aqui fica a cena final de "Cinema Paraíso". Belíssimo :)


Bom fim de semana a todos ;)

Tuesday, May 22, 2007

Assume the position


Ela descobriu que o seu masoquismo era a sua força e que a sua força era a sua fraqueza. Não sabia ser de outra forma e estava ali, persistente, resistente, a lutar pelo que ama. Mãos na secretária e ali ficaria até alguém a ir buscar. O mundo passaria à sua volta e ela ficaria ali até morrer porque é essa a sua natureza. Enquanto fizer sentido, para o bem ou para o mal, para viver ou morrer. Mesmo que a resistência a destrua, mesmo que a resistência a faça sofrer.

Ela já não tem medo da dor, entende que não se pode viver sem ela. Não está disposta a abdicar da felicidade (mesmo que seja um instante) só porque dói chegar até lá. Está disposta a tentar. A dor, agora, já não é uma coisa má.

Foi ele que lhe ensinou isso, foi ele que a ensinou a aceitar quem era. E ela fez o mesmo por ele – invadiu o mundo protegido das orquídeas, forçou a fechadura com doçura e coragem até conseguir entrar. “I just want to know you” diz Lee a dada altura.Mas para Mr. Grey esse era o maior desafio. Porque o seu sadismo era uma forma de disfarçar a fragilidade, fragilidade que era protegida à força de crueldade e frieza. Mas a partir do momento em que Lee preencheu as quatro paredes do escritório, não havia forma de voltar atrás.

Ela mostrou-lhe que havia lugar no mundo cá fora, que ele podia cuidar dela com o mesmo carinho e precisão com que tratava das orquídeas. E ela ficaria, como as orquídeas. A dor que infligiam um ao outro era tão parte da forma como se amavam quanto esse carinho. Uma forma de amar que fazia sentido para eles e só isso importava. Podiam existir assim um para o outro, em forças e fraquezas, em verdade.

"In one way or another, I've always suffered. I didn't know why, exactly. But I do know that I'm not so scared of suffering now. I feeI more than I've ever felt,... and I've found someone to feel with, to pIay with, to love,... in a way that feels right for me. I hope he knows that I can see that he suffers too,... and that I want to love him.Each cut, each scar, each burn, a different mood or time. I told him what the first one was. I told him where the second one came from. I remembered them all. And for the first time in my life, I felt beautiful. Finally part of the earth. I touched the soil and he loved me back. "

Excerto do filme " A secretária" de Steven Shainberg

http://www.imdb.com/title/tt0274812/

P.S. : Gostaria de saber falar melhor sobre "A Secretária", de vos fazer um resumo que fizesse sentido. Mas não consigo definir um filme em que me revejo tanto, aquilo que sou e aquilo que espero ser (e não, não tem nada a ver com a porrada White ;) lol ) em algumas linhas. Não há sinopse que lhe faça justiça, estas palavras também não. Vejam - amem ou odeiem - sintam. Talvez Lee e Mr Grey façam outra visita à casa de bonecas...eles andam pelos corredores, ocupam os quartos...e ainda têm tanto para dizer...

Sunday, May 20, 2007

Placebo

Estiveram este fim de semana em Portugal mais uma vez, por mim podem voltar quantas mais quiserem. Aqui fica uma amostra do álbum anterior, Sleeping with ghosts, enquanto eu descubro o novo Meds. Este é um dos videos mais bonitos dos Placebo, Special Needs (this is the one Cris ;) )


Uma das minhas bandas favoritas, "the ladies and gentleman of Placebo" ;)



Ficam prometidas outras visitas de Brian Molko e companhia à casa de bonecas.
Os Placebo fazem parte das fundações da casa ;)

Friday, May 18, 2007

Para descontrair

Para desanuviar dos últimos posts, mais introspectivos e melancólicos, aqui fica uma completa parvoíce lol Porque a vida é feita de lágrimas mas muitas delas vindas do riso. São essas que devemos procurar e manter bem perto quem nos consegue fazer chorar de tanto rir.

Portanto, este fim de semana procurem a companhia dessas pessoas, riam muito, aproveitem este sol maravilhoso e sejam felizes. Mesmo que por instantes soltos, sejam felizes. Porque a felicidade é uma soma de instantes e pessoas que tornam os instantes preciosos. Pessoas que nos fazem voar, como no clip. O fato de esquimó dispensa-se, a não ser que alguém queira fazer sauna para emagrecer lol ;)


Hooga Hooga, bom fim de semana, beijinhos para todos!

Monday, May 14, 2007

What is the truth?


LARRY: Like it?

ALICE: No.

LARRY: What were you so sad about?

ALICE: Life.

(...)

LARRY: So Anna tells me your boyfriend wrote a book. Any good?

ALICE: Of course.

LARRY: It's about you, isn't it?

ALICE: Some of me.

LARRY: Oh? What did he leave out?

ALICE: The truth.


Diálogos do filme "Closer", baseado numa peça de Patrick Marber

Saturday, May 12, 2007

Silencio...

Ontem, no labirinto da casa de bonecas, foi noite de Maxime e Wonderland Club. Noite para conhecer novos sons e dançar até a realidade desaparecer no meio da música. Um clube Silencio saído directamente de “Mulholand Drive” para a Praça da Alegria, dominado pela figura omnipresente de Lady Bambi, uma ilustração longílinea em tons de vermelho e mármore no topo de uns saltos vertiginosos. Silencio....Ao dobrar a primeira esquina, está um homem vestido de gorila(ou seria um gorila prestes a transformar-se em homem? )que começa a noite com som de guitarra eléctrica e bateria. Era o brasileiro ChucroBillyman e um rock com laivos de White Stripes para um público que parecia saído de um concerto de Jerry Lee Lewis – encontros de referências de uma lógica retorcida porque no País das Maravilhas não há regras, apenas Chapeleiros Loucos e Coelhos que desaparecem por um buraco. Silencio....uma bola de espelhos fura a luz vermelha e espalha pedaços de diamantes pelo ar. “No hay banda”. Pam Hoog, uma Dolly Parton londrina com look glam rock, de óculos escuros e copo na mão canta : “I’m burning alive, tearing up the night and feeling so fine, i’m born to survive, ridding on the dark side is good for the mind”.... Ecos de “Coração Selvagem” vêm do fundo do corredor e Diane Ladd seria perfeita para interpretar Pam... Silencio.... O resto dos sons foram muitos e variados, passando pelo eléctrico “I love Rock&Roll” e o melancólico “Enjoy the silence” dos Depeche Mode. Todos misturados e remisturados por Lady Bambi e Pam, ao ritmo do que lhes ia na alma. A meio da noite, Sofia Coppola invadiu o universo Lynchiano quando os primeiros acordes de “I want candy” dos Bow Wow Wow se fizeram ouvir – Marie Antoinette veio fazer uma visita, com a sua máscara de renda negra e All Star azul bébé.
Pelo meio, o striptease de Mirelle, a go-go dancer que acompanha Lady Bambi no Wonderland Club. Momentos burlescos, de peruca, ligas e colar de pérolas, que relembram que o mundo é das mulheres (but we love you boys)dentro e fora do palco. Com um gesto obsceno e um tirar sexy de soutien em simultaneo, Mirelle diz a um homem com comportamento de criança "It's look but don't touch little boy. It's my game".
Silencio.... Eu sai ao som de “Love will tear us apart”, talvez um eco de um outro quarto que se aproximava, relembrando que o Wonderland Club foi apenas um intervalo.... “No hay banda”


Rebeka del Rio no Clube Silencio de David Lynch





P.S. : Deeper, foi um prazer conhecer-te :) Temos que combinar sair mais vezes ;)

Monday, May 7, 2007

The end...?

Éramos como dois parasitas alimentando-se um do outro. Duas naturezas iguais,cada uma obtendo aquilo que necessitava,seguindo caminho e voltando sempre para mais, mesmo que pouco já houvesse para dar. A necessidade era tanta que fazíamos das tripas coração para continuar a ter sangue para alimentar o outro. Mas nada disto era um gesto altruísta, era egoísmo puro, porque saciando a fome alheia, saciava-se a nossa. Havia algo de predatório, de primitivo,uma espécie de decadência desesperada que a cada visita parecia contaminar o apartamento com uma luz baça e castanha. Era apenas a luz do sol filtrada pela cor das persianas, mas era o reflexo da nossa descida ao inferno da obsessão. Já nada parecia bonito, mas também já não importava, nem nos dávamos ao trabalho de fingir que sim. O encantamento tinha sido vencido pela necessidade.Há algo de humilhante e fascinante nesta viagem, como se ficássemos apaixonados pela nossa própria capacidade de sentir, de querer, de desejar. Como se tivéssemos um certo orgulho em descer tão baixo, porque nem toda a gente é capaz de o fazer, nem toda a gente tem tanta falta de amor próprio, tanta vontade de devorar um sentimento, independentemente da auto – destruição que o acompanha.Éramos duas crianças egoístas a tapar o sol com a peneira, julgando que podíamos bloquear as nossas consciências para sempre...Como se o esforço de o tentar fazer não nos desgastasse mais cedo ou mais tarde...Talvez fosse o mesmo que liga duas pessoas que estiveram perdidas numa ilha deserta, que sobreviveram juntas – é uma ligação forte e inquebrável, mas não necessariamente uma relação que possa existir fora da ilha. A nossa ilha era aquele apartamento e fora dali dificilmente poderíamos sobreviver. Existia ternura, mas uma ternura melancólica e desolada, sofrendo com um fim anunciado. Sabíamos que aquilo não era o ideal, que aquilo não era o que tínhamos pensado ser, que não era aquela a forma como tínhamos pensado amar. Ambos sabíamos que a nossa ligação nunca se iria quebrar, mas ao mesmo tempo tínhamos a certeza de que só estávamos ali até nos destruírmos ... Porque nenhum de nós tinha a coragem para praticar eutanásia...a morte tinha que ser natural, mesmo que fosse lenta e dolorosa... Para nos esgotarmos ao ponto de nos repelirmos. Um dia simplesmente chegámos ao apartamento tingido de castanho, sentámo-nos na beira da cama durante uma hora em absoluto silêncio até que se ouviu uma única palavra não pronunciada: “Acabou”... Afinal, sempre havia um limite para devorar um sentimento, havia um fundo do poço. Até mesmo nós tínhamos uma réstia de amor–próprio.



Era o final anunciado no princípio... mas se era anunciado porque é que dói tanto...?




Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência.... os sentimentos são transversais aos factos

(C) imagens chishikilauren at
www.flickr.com


Friday, May 4, 2007

Maxime.... Maxi(Me)

Ontem, depois de um jantar de reencontro com uma amiga que não via há algum tempo (mas que nem por isso esteve "longe" ;) welcome back Cris :) ) deambulámos até ao Maxime. Sem saber, tropecámos num dia em que havia música ao vivo e foi bom ouvir jazz até às 2 da manhã naquele espaço perdido no meio de Lisboa. Eu gosto do Maxime, gosto daquela dignidade desfeita, daquele sabor vintage e kitsh a cair das paredes como a tinta, a descer do tecto como os candelabros. É como um Titanic de 2ª classe encalhado em terra, decadente mas com aquele orgulho e majestade conferidos pelo tempo de sobrevivência na vida e na memória das pessoas.

(c) Pedro Mineiro


Assim que passamos a porta giratória entramos num outro Tempo e mesmo de jeans e t-shirt sentimos que estamos de boquilha, saltos altos e olhos negros a ouvir o som difuso de um saxofone que nos chega através da luz vermelha. Como no Twin Peaks....
Mas podemos entrar de jeans ou vestido de noite, no Maxime não interessa, no Maxime não há pose. Só um ambiente cinematográfico com cortinas vermelhas à David Lynch, pessoas tão "normais" como existem nos filmes de Almodóvar e um sentido de humor à Tarantino que permite ter como convidados um grupo de jazz e logo de seguida o José Cid ou os Irmãos Catita. Portanto, veste uma personagem ou just be yourself e entra no Maxime um dia destes e deixa-te perder no fumo, na luz e no som.... Deixa para trás por algumas horas o barulho moderno da cidade e habita um daqueles quadros poeirentos e velhos, gastos mas verdadeiros, que encontras no sotão de uma casa abandonada...

(C) Pedro Mineiro

Por mim, acho que vou voltar dia 11 para ver os Wonderland Club e quem sabe vestir uma personagem que esteja à altura dos saltos agulha de Lady Bambi...



Let the saxofone play....

www.cabaret-maxime.com