Tuesday, August 19, 2008

Buffy

É pequenina e franzina mas dá enxertos de porrada como gente grande. Parece uma chefe de claque mas caça vampiros e outros demónios que aterrorizam o mundo mortal. Os seus acessórios favoritos são uma estaca bem afiada, um baton vermelho da Dior (esta última parte é liberdade criativa mas qualquer mulher de bom gosto adora Dior) e o casaco de cabedal oversize do ex-namorado. O casaco é o que resta de uma bela história de amor, uma vez que o dito cujo já foi desta para melhor há umas séries atrás. Este "enredo" é demasiado longo para contar aqui mas pode ser resumido assim: girl meets boy / girl falls in love with boy / boy is a vampire / vampire boy trys to kill girl / girl kills boy. Pelo menos, foi bonito enquanto durou...


(se querem a minha opinião, quem devia ter levado com uma estaca era o outro namorado, que aparece umas séries mais à frente neste enredo. Americano até à medula, era bocejante como ele só. Mas isso posso ser eu, que até acho piada a um homem com uma pitada - só uma pitada - de "bad boy". Antes bad que boring).


Para além disto tudo, a menina ainda canta, dança, e tem um sentido de humor retorcido.


Senhoras e senhores, Buffy Summers, a Caçadora de Vampiros. Nas horas vagas, fora de Gotham City e sem a minha máscara, não me importava de ser como ela ;)




Sing along, once more with feeling!

Sunday, August 3, 2008

Pornography

- Em que é que pensas quando estás a dançar?


- Penso em ti. Mas não devia.


- Porquê?


- Porquê o quê? Porque é que penso em ti ou porque é que não devia?


- Porque é que não devias.


- Não sei.


- Isso não é resposta.


- Eu sei que não é. Mas às vezes “não sei” é o melhor que se pode saber.


- E porque é que pensas em mim?


- Porque a tua imagem fala mais alto do que a música.


- Então quando danças, danças para mim?


- Se fosses menos presunçoso tinhas mais charme...


- Isso é um não?


- De certa forma é um "sim". Mas só porque não estás lá. Se estivesses, não o faria.


- Porquê? Achas que isto é um erro?


- “Porquê, porquê”. Já devias ter ultrapassado a idade dos “porquês”.


- Sim ou não?


- Talvez...mas mesmo que seja um erro, pode não ser necessariamente errado.


- Tu adoras contra-sensos.


- A grande beleza disto tudo é ser um contra-senso.


- Disto, nós?


- Não, a vida. Isto pode ser errado porque tu és tu e eu sou eu, mas também pode ser a coisa mais certa do mundo porque tu és tu e eu sou eu.


- Pois... podemos estar a desperdiçar o melhor de nós porque mais tarde pode revelar-se o pior em nós.


- O pior é perdermos um pedaço de nós que não pode ser reconstruído. Mas esse pedaço também nunca poderá existir se não arriscarmos estilhaçá-lo, portanto.. Lá está o contra-senso outra vez. Ou o duplo senso.


- Como dois bailarinos. Tens que acreditar que o teu parceiro não te vai deixar cair mas se acontecer, tens que voltar a confiar nele. Ou então mudar de parceiro.


- Não, isso não. Eu gosto de dançar contigo.


- Mesmo que eu te deixe cair?


- Sim. Se for esse o caso, teremos apenas que aprender outra dança.


- Então é porque não sou assim tão presunçoso.


- És. Mas eu gosto de arestas por limar.


- Pretendes limar-me?


- Não, pretendo deixar-te exactamente como és.


- Isso é estranho.


- Eu sou uma pessoa estranha.


- És. Mas eu gosto de arestas por limar.


- Pretendes limar-me?


- Não, pretendo descobrir que não és tão perfeita como pareces.


- E não sou.


- Pois, esse é o grande problema. Se não fores, tornas-te ainda mais perfeita.


- Perfeito seria irmos dançar agora.


- E se eu não souber dançar?


- Claro que sabes. Uma dança é uma conversa sem palavras. E nós já falámos muitas vezes em silêncio.