Para Benjamin Barker tudo era perfeito: tinha uma mulher (Lucy) uma filha (Johana) a vida era ingénua e pura. No seu mundo, tudo era luminoso e aquecido pelo sol.
Por outro lado, o mundo do Juiz Turpin era seco e vazio. Precisava de algum calor. Para azar de Barker, Lucy pareceu-lhe a “lareira” ideal. E como roubar é mais fácil, dá menos trabalho e, no fundo, como homem da lei até já tinha alguma prática no assunto, Turpin afastou Benjamin do caminho, mandando-o prender sob uma falsa acusação. Sem saber ler nem escrever, perdeu tudo num instante de inveja, misturado com doses massivas de mau carácter. Todos eles ingredientes desconhecidos para o paladar de Benjamin e que lhe deixaram um gosto amargo na boca.
Desse fel nasceu Sweeney Todd, fruto de 15 anos de isolamento nos confins da Humanidade. Todd é o que resta do Homem, uma caixa de Pandora na qual apenas ficou um sentimento – se Benjamin era feito de mel, Sweeney é temperado com a pimenta da vingança. O seu mundo é cinzento e pálido, a única cor é o vermelho que jorra das jugulares cortadas. Para azar de Turpin, o seu sangue tem uma tonalidade que agrada a Sweeney...é mesmo a tinta que faltava para acabar o quadro...
Numa entrevista recente de Johnny Deep, o actor que consegue fazer tudo dizia : “num mundo perfeito todas as pessoas esqueceriam e perdoariam os males que foram feitos, mas não sei se é possível uma pessoa simplesmente esquecer e perdoar um mal imenso de que foi vítima. Eu sei que nunca seria capaz. Se alguém me faz mal, a mim ou a alguém que amo, faço sempre questão de que essa pessoa saiba que, agora, é guerra. Sou um grande admirador da vingança. Sou mesmo! Pode ser uma vingança subtil. Pode ser apenas feita através da ordem natural do mundo, tipo karma.”
Por outro lado, o mundo do Juiz Turpin era seco e vazio. Precisava de algum calor. Para azar de Barker, Lucy pareceu-lhe a “lareira” ideal. E como roubar é mais fácil, dá menos trabalho e, no fundo, como homem da lei até já tinha alguma prática no assunto, Turpin afastou Benjamin do caminho, mandando-o prender sob uma falsa acusação. Sem saber ler nem escrever, perdeu tudo num instante de inveja, misturado com doses massivas de mau carácter. Todos eles ingredientes desconhecidos para o paladar de Benjamin e que lhe deixaram um gosto amargo na boca.
Desse fel nasceu Sweeney Todd, fruto de 15 anos de isolamento nos confins da Humanidade. Todd é o que resta do Homem, uma caixa de Pandora na qual apenas ficou um sentimento – se Benjamin era feito de mel, Sweeney é temperado com a pimenta da vingança. O seu mundo é cinzento e pálido, a única cor é o vermelho que jorra das jugulares cortadas. Para azar de Turpin, o seu sangue tem uma tonalidade que agrada a Sweeney...é mesmo a tinta que faltava para acabar o quadro...
Numa entrevista recente de Johnny Deep, o actor que consegue fazer tudo dizia : “num mundo perfeito todas as pessoas esqueceriam e perdoariam os males que foram feitos, mas não sei se é possível uma pessoa simplesmente esquecer e perdoar um mal imenso de que foi vítima. Eu sei que nunca seria capaz. Se alguém me faz mal, a mim ou a alguém que amo, faço sempre questão de que essa pessoa saiba que, agora, é guerra. Sou um grande admirador da vingança. Sou mesmo! Pode ser uma vingança subtil. Pode ser apenas feita através da ordem natural do mundo, tipo karma.”
Li isto pouco antes de ver o filme e pensei “gosto deste gajo”. Eu sou do clube de Deep e acredito em chapadas de luva branca, mesmo quando algumas pessoas merecem um tratamento mais....”cortante”. Sweeney Todd, pelo contrário, é mais murros no estômago... e barbas muito bem feitas. Mas mesmo muito bem feitas....
Ao longo do filme, estas palavras de Deep ecoavam no meio da música e embora nunca tenham perdido o sentido ou a veracidade, ganharam outros contornos. Porque o homem que Deep desempenha no filme, é um homem cego pela vingança. O que vemos nos olhos de Deep/Sweeney é oco e vazio, uma carcaça sem alma, indiferente a tudo e a todos – ao amor de Mrs. Lovett e até aos fragmentos da vida luminosa que teve antes. Lucy e Johana são, agora, parentes pobres da vingança. As navalhas de prata são o grande amor de Sweeney Todd.
A tragédia final é inevitável, embora, secretamente e com toda a ingenuidade de Benjamin, todos nós desejássemos uma final diferente para Sweeney. Uma vida à beira mar com Mrs. Lovett, talvez. Mas no fundo, será que Sweeney desejaria um final diferente para si próprio? Não me parece que voltasse atrás, que renegasse a sua vingança. Tudo foi como tinha que ser, bom ou mau. O seu último momento é marcado por um subtil acto de aceitação, assumindo as responsabilidades de um percurso. À sua maneira negra e retorcida, é um “viveram felizes para sempre”...
O novo filme de Tim Burton é um musical mas não esperem austríacas a correr pelos montes e criancinhas adoráveis. Este é um musical diferente...A única criança da história faria os Von Trapp borrarem-se de medo. E em comparação com eles, é um velho de 80 anos.
Esperem sim, a música genial de Stephen Sondheim, o guarda-roupa maravilhoso de Colleen Atwood, muito humor negro e interpretações fabulosas.Tudo orquestrado visualmente por Burton e Dante Ferretti, o eterno “set designer” de Martin Scorcese
Para além do sempre deslumbrante Johnny Deep, Helena Bonham-Carter é deliciosamente perversa. A sua Mrs. Lovett é uma boneca de trapos que tenta cozinhar um futuro mais risonho com as sobras que lhe são dadas. Adorável e odiável ao mesmo tempo, mas profundamente humana, por baixo de toda a maquilhagem gótica.
Sweeney Todd é Tim Burton em tudo aquilo que o caracteriza. Para quem gosta, é uma refeição completa. Para quem não gosta, talvez saia do cinema com fome. Seja como for, tenham cuidado com a tartes de Mrs.Lovett...podem engasgar-se com algum osso que tenha escapado à trituradora...