Saturday, November 24, 2007

Isolation (un)Controled

É como se enchessemos um espaço fechado com gás, que se vai espalhando lentamente e tornando o ar pesado e irrespirável. Asfixia. Até ficar tão concentrado na atmosfera, que não há outra hipótese senão explodir e libertar-se. Em Control, o gás sai pela chaminé com as cinzas de Ian Curtis, mas a sensação de asfixia sai connosco da sala. A promessa perdida, a inocência condenada. Tudo presente, desde o início, no olhar de Sam Riley e no preto e branco assombroso de Anton Corbijn.


Surrendered to self preservation,

From others who care for themselves.

A blindness that touches perfection,

But hurts just like anything else.

Mother I tried please believe me,

I'm doing the best that I can.

I'm ashamed of the things I've been put through,

I'm ashamed of the person I am.

Isolation, isolation, isolation.



But if you could just see the beauty,

These things I could never describe,

These pleasures a wayward distraction,

This is my one lucky prize.


Isolation, isolation, isolation.

Sunday, November 18, 2007

INLAND REALITY

Este blog nasceu no labirinto de INLAND EMPIRE. No filme de David Lynch, as personagens perdiam-se e encontravam-se numa casa de bonecas, epicentro de um universo criativo. Histórias paralelas e, ao mesmo tempo, interligadas, desenrolavam-se em quartos separados apenas por uma cortina. Uma cortina quase incorpórea, porque nesse universo criativo as ideias fluiam sem barreiras. Sem regras. Só com intuições. Um quadro abstracto que ganha forma através dos nossos sentidos, sem nunca deixar de ser impalpável, porque o abstracto é uma forma de realidade. Pelos menos em INLAND EMPIRE e em David Lynch.

Esta casa de bonecas foi criada como um espaço igualmente livre, igualmente orgânico, esperançosamente, igualmente criativo. Os corredores vão dar a lugares inesperados, os quartos interligam-se promiscuamente. Não me interessa se o anão dança, a menina chora ou o mimo grita, apenas me interessa que eles existam, que desvendem novas formas de estar e sentir. Acima de tudo, interessa-me isso : sentir.

Ontem, um destes corredores cruzou-se com uma das salas do "mestre omnipresente" e dei por mim, no meio de um descampado, ao lado do próprio Lynch. Ele mesmo, segurando uma bandeira e a falar sobre o quanto a meditação nos põe em contacto com o nível mais alto da existência. E a dizer que estávamos à espera dos músicos...só à espera dos músicos.
A dada altura, olhei para a direita e vi Julee Cruise. Se tivesse olhado para a esquerda e cruzado o olhar com o agente Dale Cooper ou Laura Palmer, não me espantaria. Faria todo o sentido. Porque o universo de Lynch estava ali e éramos todos personagens de um momento surreal e sem guião. Acho que nenhum de nós vai conseguir explicar o que aconteceu, mas não faz mal, os filmes de Lynch não são feitos para serem explicados, mas sim sentidos. E todos o sentimos.




To be continued...